João 20:19-23. Este texto revela um momento extraordinário na vida dos discípulos de Jesus, porque serviu de marco e de divisória entre viver permanentemente sob a influência de Deus ou não. Até aqui o que fazia diferença para eles era apenas a presença física e visível de Jesus, e nada mais. Depois da crucificação os discípulos foram contagiados pelo medo, pela incerteza e pela insegurança, isto tudo devido a ausência física de Jesus. Observação: Ter visto os atos de Jesus, não foi suficiente para produzir dependência de Deus nos discípulos. Conclusão: Os atos de Jesus não estão acima da própria presença Dele em nossa vida.
Este momento é extraordinário porque o Espírito Santo soprado sobre os discípulos estabelece:
Uma nova comunidade na terra: A comunidade dos que vivem sob a influência direta de Deus, ou seja, dos que vivem uma nova vida com o fôlego do Espírito Santo. Depois da queda só é possível viver a vida com significado existencial e harmonia social se Deus estiver inserido. Obs. “… soprou sobre eles”. O Espírito Santo veio estabelecer o elo permanente entre Deus e seus filhos e entre os próprios filhos. Ele é o distintivo, o diferencial, o poder, desta nova comunidade.
Uma transformação radical de vida (Ação do Espírito Santo na vida pessoal). Antes do sopro de Jesus, não havia expressão real e permanente de identidade com Cristo. A presença do Espírito Santo neles gerou consciência de pecado e de separação de Deus e consequentemente se estabeleceu uma nova criação de Deus, de pessoas parecidas com Jesus. “… se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (II Co.5:17). “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim…” (Gl.2:20). Despir-se do velho homem e revestir-se do novo homem (Ef.4:22-24). E a grande evidência desta transformação envolvia relacionamento com Deus e com o próximo, porque depois que os discípulos receberam o Espírito Santo, eles aprenderam a ter discernimento e também a perdoar (vs.22,23).
A consciência de continuidade da missão de Cristo na terra. “Que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo.17:20-23). O espírito Santo é a presença de Jesus em nós para realizarmos a obra e a missão determinada por Ele. “Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado” (Jo.14:12). Só com a presença do Espírito Santo os discípulos teriam possibilidade de serem realmente testemunhas de Jesus e realizarem a missão deixada por Ele (Lc.24:48,49/ At.1:8).
Conclusão:
Uma vida sob a influência do Espírito Santo é uma vida que não depende do que vê, mas vive pela fé em Cristo e pela palavra de Deus. Obs.: Tomé não estava quando Jesus soprou o Espírito sobre os discípulos (Jo.20:29,30). “Felizes os não viram e creram”.
Uma vida sob a influência do Espírito é uma vida que vive para amar a Deus e ao próximo. “Simão, tu me amas? Sim, Senhor. Então cuide (Ame) o próximo” (Jo.21:15-17).
Uma vida sob a influência do Espírito é uma vida que vive para glorificar a Deus. (Jo. 21:18,19).
O sopro de Jesus sobre seus discípulos é um marco na história.
1. Essa influencia gera uma nova comunidade espiritual.
2. Essa influencia trás uma transformação pessoal. “Cristo em nós [Cl 1.27]”; mostra a identidade de Cristo; uma nova relação no espiritual.
3. Essa influencia visa transformar a terra. “Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado” [Jo 14.12].
“Os atos de Jesus não estão acima da própria presença Dele em nossa vida.”
A influência do Espírito Santo na nova comunidade – João 14.16-17,26
1. O Espírito Santo não criaria uma comunidade para deixá-la sem supervisão. Até porque, ela é de total responsabilidade Dele. É por isso que Ele anseia com ciúmes de nós [Tg 4.5].
2. A influência do Espírito Santo pode ser explicada e entendida porque Ele é uma pessoa (intelecto, sentimentos e vontade) e é líder; liderar é influenciar. Ele é [16,26] o outro (gr. allos = diferente), o consolador (gr. parakletos = chamado para ficar ao lado), advogado, conselheiro, intercessor, ajudador, amparador, socorrista.
3.O Espírito Santo é a resposta às orações, a resposta ao desejo, ao anseio de Jesus [16]. E foi enviando por Deus-Pai, como dádiva [Lc 11.13], no nome de Jesus [26].
4.O Espírito Santo é a pessoa que tem presença contínua na nossa vida [6], em qualquer tempo, circunstância ou situação habitando dentro de cada cristão [17].
5.Espírito Santo é a presença de toda verdade [17], opondo-se a toda mentira, engano e virtualidade e que se torna claramente identificável por qualquer cristão [17].
6.Espírito Santo ensina todas as coisas [26]; as do futuro [Lc 2.26] as do passado, lembrando o que Jesus já disse [Jo 14.26] e as do presente, que devem ser ditas [Lc 12.12].
7.Espírito Santo é quem dá testemunho (gr. martureo = viu, ouviu, experimentou, recebeu revelação) da pessoa de Jesus [Jo 15.26].
I Co.2:6-16. Em que lugar o Espírito Santo estar em nossa vida, e nos faz mais espirituais?
Antes de tudo ser espiritual não é deixar de ser gente de carne e osso (Jesus foi mais gente do que a gente); nem significa viver uma vida isenta de pecados. O homem foi criado para viver sob a influência direta de Deus, daí a espiritualidade fazer parte de sua vida, também.
A espiritualidade do homem tem a ver essencialmente com sua identidade (Feito conforme a imagem e semelhança de Deus). Depois do pecado o homem perdeu parte de sua identidade original. Continuou a ser um ser natural (criação de Deus), mas deixou de ser espiritual, ou seja, deixou de ter a presença ativa de Deus em sua vida. Todo o plano de Deus para redenção do homem foi com o objetivo de trazê-lo de volta ao seu estado original, ou seja, à sua verdadeira identidade: Semelhante a Deus. Isso só é possível por meio de uma experiência com Cristo e da ação permanente do Espírito Santo em nossa vida.
É imprescindível corrigirmos o conceito de espiritualidade, visto que não tem a ver prioritariamente com: padrões de comportamento; moralidade; fazer ou não fazer algo, está enquadrado ou não com regras ou normas doutrinárias; abraçar ou não as leis jurídicas; afastamento ou isolamento do mundo; impecabilidade; viver uma experiência sobrenatural; etc. Tudo isto são consequências de se ser espiritual.
Ser espiritual tem a ver essencialmente com:
Identidade. É o que o apóstolo Paulo disse: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”; “Trago no corpo as marcas de Cristo”. Ser espiritual tem a ver com o que nós somos em Deus; e o que somos em Deus tem a vê com a ação do Espírito de Deus no nosso homem interior. Nossa identidade só se torna semelhante à de Jesus por meio da presença do Espírito de Deus em nós.
Viver sob a influência direta do Espírito Santo.
(V.9-11) – Quem é espiritual não depende dos olhos nem dos ouvidos, e muito menos do que sente o coração; depende da ação e revelação do Espírito de Deus.
(V.12-14) – Não vive subjugado pelo espírito do mundo que cega o entendimento do homem natural, sem Deus. É ensinado pelo Espírito para discernir as coisas espirituais.
(V.15-16) – Sua mente está alinhada à mente de Cristo. A nossa viva no mundo deve estar atrelada a viver conforme o modo de vida de Jesus, ou seja, pensar e fazer semelhante a Ele. Ter a mente de Cristo é ter o caráter moldado pelos princípios revelados na Palavra de Deus. Esta é a base de uma verdadeira espiritualidade.
Desenvolver diariamente nosso relacionamento, comunhão e intimidade com Deus (V.6-8), de tal forma a alcançarmos maturidade para entendermos a sabedoria e os mistérios Dele, revelados em sua Palavra por meio do seu Espírito. Maturidade espiritual é depender plenamente do Espírito Santo, com a certeza que só através Dele teremos a revelação e o entendimento real das coisas que vem de Deus.