A vida é uma caixinha de surpresas. Há situações evitáveis, ou seja, aquelas que estão anunciadas e dependem apenas de nossas decisões. Mas há aquelas que são inevitáveis, que não podemos mudar e que temos apenas de enfrentar.
Esta foi uma situação inevitável que Jesus viveu. Ele podia reverter doenças, a cegueira, a paralisia e até a morte, mas não podia mudar tal situação. O momento que viveria era a razão da sua vinda – “para isto eu vim”.
Jesus estava vivendo seus últimos dias na terra. Não eram dias alegres, mas de muita angústia e pressão em sua alma. O que haveria de passar logo em seguida seriam dores terríveis diante das quais não poderia fazer nada para mudá-las.
Jesus chama seus discípulos para irem com ele ao Getsêmani e foi orar. Ele busca apoio em três discípulos mais próximos Pedro, Tiago e João, confessando a eles o que se passava em sua alma – “minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem”. Por três vezes volta em direção aos discípulos, mas os encontra dormindo.
1. Diante do inevitável buscamos a ajuda do céu – Oração
Orar – não para tirar a dor, mas para enfrentá-la se não for removida. Orar para que a vontade de Deus seja feita. Orar é mais que pedir coisas. Orar é abrir o coração, despejar a alma diante de Deus, não esconder seus temores, seus fracassos, suas angústias.
Tem pessoas que tem medo de falar a verdade da sua vida, como que se falar o diabo vai ouvir e piorar as coisas. Orar é falar com Deus e não com o diabo.
2. Diante do inevitável buscamos nosso grupo de relacionamento como apoio – Amigos
Jesus desenvolveu amigos. Ele mesmo chamou seus discípulos de amigos – “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer”.
É necessário desenvolver amizades, relacionamentos. Não há como prescindir de relacionamentos.
Ali estava o Deus humano necessitando de companhia, confessando sua humanidade através das angustias que experimentava – “A minha alma está profundamente triste, uma tristeza mortal”.
Quem faz da sua fé um entrar e sair de um templo na hora da dor não tem a quem recorrer.
Jesus queria pessoas que lhe fosse suporte sem, contudo deixar de orar ao Pai. Pessoas confortam nossas emoções. Ter amigos é ter a quem recorrer na hora da dor. Levai as cargas uns dos outros..(Gl.6:2).
3. Diante do inevitável devemos aprender a vigiar – Atenção
Os discípulos dormiam por não entenderem ou não quererem entender aquele momento.
Vigiamos para não entrar em tentação: Na tentação de buscar explicações para a situação (Ec.8:17); de desistir diante da situação. Na tentação de perder a esperança da ação de Deus.
– Vigiar tem a ver conosco mesmo já que mesmo sendo suporte para alguém hoje, posso amanhã está vivendo situações semelhantes ou piores.
– Vigiar é aprender estar perto de quem sofre, pois assim aprendemos a lidar com as nossas dores.
– Vigiar é manter a esperança a despeito da noite escura.
– Vigiar é não confiar na sua carne – Jesus ensina que a carne é fraca, mas o espírito está pronto.
A carne é fraca e por isso queremos remover a dor, o que leva muitas pessoas ao suicídio. Nunca confie na carne, na sua autodeterminação, na sua disciplina. Paulo disse que “a inclinação da carne é morte, mas inclinação do Espírito é vida (Rm.8:6).
Nosso espírito é a parte que é iluminada pelo Espírito de Deus.
Se mantivermos a fé, é possível vencer, pois o espírito de quem crer está pronto. Isso significa viver a vida não pelas emoções, seja a alegria, seja a dor, mas sim viver pelo Espírito que comunica ao nosso espírito.
Saber o momento de enfrentar o inevitável – Discernimento
Esse é o momento em que a fé se mostra, pois nos entregamos não nas mãos do inevitável, mas nas mãos do Todo Poderoso que pode nos guiar por esse inevitável – “nas tuas mãos entrego o meu espírito”.
“Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, amor e equilíbrio” (2 Tm.1:7).