O conformismo e a ansiedade são características marcantes desta geração. Vivemos tempos em que o sistema do mundo dita as regras, empurrando as pessoas para dois extremos: Ou elas entram na corrida desenfreada da busca pelas coisas materiais, ou entram no extremismo do conformismo, da alienação, do isolamento, da reclusão, da indiferença da vida presente.
Estes extremos prendem as pessoas ou nas lembranças do passado ou na expectativa de um futuro melhor.
O resultado é que as pessoas deixam de viver o momento presente como deveriam viver; isto porque, a realidade do presente fica adormecida. No final das contas tanto o conformismo (desprendimento das coisas materiais resultante da impossibilidade de conquistá-las) como a ansiedade (expectativa do acúmulo de bens) é tão somente formas de expressar o desejo de assegurar uma vida melhor amanhã, e não para usufruir e viver o presente na sua intensidade maior.
Um dos impactos deixados pelos primeiros cristãos, registrados no livro de Atos, foi uma vida que era expressa pela partilha e compartilha do que se possuía; tudo isto no tempo presente. O próprio Jesus falou sobre a importância de vivermos um dia por vez: Se preocupem com o tempo de hoje, viva por fé cada dia (Mt.6:34).
A vida cristã é um desafio de vivermos sob os efeitos dos acontecimentos passados (Vida, morte e ressurreição de Cristo) e da esperança do acontecimento futuro (A volta gloriosa de Cristo), mas no tempo presente, no agora, no hoje, em cada dia. É um desafio de exercitarmos a fé no único Deus que realizou ontem, realizará amanhã, mas que realiza também hoje.
Muitas vezes nossa teologia é semelhante à teologia de Marta. Nossa fé vagueia entre o passado e o futuro, e deixamos de praticá-la hoje, no dia a dia. Não se trata de querer subjugar Deus aos nossos caprichos e desejos de realizações imediatas. A fé de cada dia é a fé permanente, que chega pra ficar, que não evapora diante da dor, mas é evidenciada em cada dia e em todas as circunstâncias de nossas vidas. A fé de cada dia tem a ver unicamente com viver cada dia na dependência de Deus, crendo que o poder que há nele não só se manifestou no passado, e nem será apenas para o futuro, mas está também disponível para experimentarmos na vida atual.
A teologia de Marta: “Se estivesses aqui, isto não aconteceria” (Conjugou o verbo no passado). “Ele há de ressurgir no último dia” (Conjugou o verbo no futuro). Jesus disse: “Ele vai ressuscitar”. “Marta, eu não fui e nem serei, eu sou a ressurreição e a vida” (Conjugou o verbo no presente).
É fundamental vivermos e exercitarmos a fé em Deus hoje, independente dos resultados serem ou não satisfatórios para nós. Ainda que não veja os resultados imediatos, no entanto, continuo crendo, porque a minha fé em Deus permanece inabalável.