O mais moço saiu de casa com os bens do pai. Por certo, o que tinha lá não o satisfazia por isso desejou ainda que com os recursos do pai, experimentar o que havia fora. O outro permaneceu em casa, contudo esperando alguma recompensa por ter ficado.
A história desses dois filhos é a história da igreja.
Em geral a igreja está composta de dois grandes grupos de pessoas. O primeiro é composto por aqueles que saíram de casa e estão estourando os recursos do Pai. O outro é composto por aqueles que permanecem na casa, ainda que insatisfeitos, mas esperam recompensa por ficar. O fato é que ambos são filhos.
O filho mais moço somente percebeu que na casa do pai havia fartura depois que sentiu fome e por isso queria apenas ser um dos empregados para ter direito a comida. Era só o que queria! Ele volta pela dor do estomago.
É sempre assim: Só se experimenta a salvação depois que se sente perdido. Só experimenta perdão depois que se sente culpado.
O filho mais velho só expõe sua motivação quando vê uma recompensa aparentemente injusta.
Os dois filhos nunca experimentaram o amor do Pai. O problema era carência de amor. Essa é a crise da igreja evangélica, por isso vivem de legalismos esperando serem aceitos e aprovados. Por isso fazem prova de Deus, barganha com Deus, tudo com o intuito de ter respostas e assim se sentirem amados. Vivem de sinais, milagres como prova do amor de Deus. Se há sinais Deus os ama. Caso não haja saem de casa.
O filho mais novo não tinha consciência do maior bem perdido.
Até então, não havia experimentado o amor do Pai. Ele só conhecia a casa, os bens, os recursos. Quando volta, o faz lembrando os recursos, por isso espera ter apenas casa e comida. No entanto, o pai não queria lhe dar apenas comida e suprimentos, mas sim demonstrar todo seu amor – “este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado”. O pai corre em direção ao filho cheio de compaixão. O abraço foi um rolar pelo chão, deitar sobre ele.
O filho mais velho nunca se sentiu amado.
O filho mais velho permaneceu na casa trabalhando, cheio de atividades esperando reconhecimento, esperando presentes, sem também experimentar o amor do pai. Sem saber que tudo era dele antes. O amor do pai lhe dera tudo, mas ele só se sentiria amado se recebesse coisas.
Falar do filme “O enviado”.
A crise de ambos os filhos é uma crise de amor.
Essa é a crise da maioria dos filhos do Pai ainda hoje. Estamos sempre buscando fazer algo para ser amado ou mesmo saindo de casa para ser lembrado. Uns pela insatisfação na casa do Pai se afastam e vão experimentar o mundo fora. Outros permanecem na casa do Pai, trabalhando como escravos esperando receber o que os torna amargos e religiosos.
O maravilhoso é que o amor do pai não admite perder nenhum dos seus filhos, seja o que saiu de casa, seja o que ficou. Ambos são filhos! O amor do Pai não admite perder nenhum de nós.
Em um momento ou outro da vida representamos um desses filhos.
Discípulos não são aqueles que fazem tudo certinho, até porque quem faz tudo certinho? Discípulos são aqueles mesmo frágeis e às vezes fracassados, aqueles que perdem para suas emoções ou os machucados pela rejeição, os que erram, se desviam, caiem diante seus desejos e sua vontade da carne, mas sempre permanecem voltando para Jesus.
Deus está com sua atenção voltada para os que se afastaram dele, seja na casa ou fora dela.