Discípulo de Jesus é aquele que anda com Ele e recebe uma tarefa a realizar. Não é só aquele que estar com Jesus, mas também aquele que o imita e faz o que Ele manda fazer: Servir. Nos tornarmos seus cooperadores (I Co.3:9).
Servir é a forma visível e prática de amar a Deus e ao próximo. O amor sem o servir é como um relacionamento sem compromisso, sem aliança e sem responsabilidade com os interesses e as causas de quem se diz amar. Amar e servir são atitudes que andam de mãos dadas.
Sobre o servir:
Servir no Reino é antes de qualquer coisa se identificar com a vida Daquele que seguimos. “Vocês me chamam de Mestre e Senhor, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” (Jo.13:13-15).
Aceitar o desafio de ser servo é ser capaz de esvaziar-se a si mesmo, abrindo mão até mesmo do que somos e do que temos, visando servir a Deus e ao próximo (Fp.2:1-8).
Servir no Reino é atitude de se identificar com Jesus no seu modo de viver para ser identificado como sendo seu discípulo: “… vem e segue-me”, ou seja, se pareça comigo na maneira de ser e viver.
Ao servir expressamos de forma prática o verdadeiro amor a Deus e ao próximo. Repartimos com o outro o que recebemos de Jesus (I Pe.4:10,11). Quem ama a Deus se envolve com as coisas de interesse Dele: A Igreja (os filhos de Deus), O Mundo (Pessoas de uma forma geral).
Servir é a forma visível de expressar a fé que brota do interior do discípulo: “Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras (do servir), está morta. Mostre-me a tua fé sem obras (sem o servir), e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras (pelo servir)” (Tg.2:17,18).
Servir tem a ver com valorização do outro; porque quem serve enaltece o valor do outro, e ao mesmo tempo é valorizado por Deus: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos” (Fp.2:3).
O IDE de Jesus é o ápice do chamado de um discípulo em servir a Deus e ao próximo (Mt.28).
A vida de Pedro é um exemplo muito forte de alguém que aceitou o desafio de servir a Deus e ao próximo. (João 21:15-17)
Depois que Pedro negou Jesus e depois da crucificação, sua vida se divide em duas partes:
Vou voltar a pescar: Retroceder. Voltar ao passado, a realizar o que fazia antes (v.1-3).
Vou realizar a missão deixada pelo meu Mestre: Apascenta minhas ovelhas (v.15-17).
Vou voltar a pescar. Depois da morte e crucificação de Jesus, Pedro viveu um drama na sua alma. Este drama é vivido por muitas pessoas que depois de uma decepção em sua caminhada cristã decidem retroceder. Isto é consequência de acharem que seguir a Jesus é está isento de passar por problemas. O vou voltar a pescar revela que o meu sacrifício anterior não valeu apena, então vou voltar a viver como vivia antes de ter seguido Jesus.
A verdade é que Pedro e os discípulos olharam para traz, da mesma forma que o povo de Israel fez quando estavam no deserto com fome e antes de entrar na terra prometida (Nm. 11: 1-6; 14:1-3). Os discípulos esqueceram as palavras do mestre: “Ninguém, que lança mão no arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc.9:62).
O dilema de Pedro diante do fracasso foi deixar de servir no Reino e para o Reino de Deus:
Pedro fez milagres, ficou em evidência diante do mundo, porém estava frustrado e deprimido diante do que tinha acontecido, não apenas com Jesus, mas principalmente com o que ele tinha feito. Ele já tinha visto Jesus depois de ressuscitado, mas a angústia emocional, quando ele vacilou e negou Jesus, era mais forte. Ele se considerava tão forte que achava que jamais decepcionaria Jesus. “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuida para que não caia” (I Co.10:12). O resultado foi que ele deixou de servir e preferiu voltar para a rotina da sua vida anterior: Pescar o que não era para pescar. Fazer o que não era para fazer. Ele dizia para ele mesmo: “Não me importo mais em influenciar, negativamente ou positivamente”. Assim tem sido a história de muitos cristãos diante das adversidades e lutas da vida. Preferem uma vida cristã estagnada, infrutífera, morna e apagada. A decepção foi maior do que o amor a Deus.
A decisão de Pedro: vou voltar a realizar a missão deixada pelo meu mestre. “Pedro tu me amas? Então apascenta minhas ovelhas”. Aqui demonstra que o Mestre não desiste do discípulo. Jesus foi atrás do discípulo que um dia decidiu segui-lo e servi-lo (Jo.21:5) e não daquele que um dia o negou ou falhou com Ele. Aqui revela o perdão total de Deus do passado de Pedro. Revela a restauração de uma vida, para voltar a ser frutífera. Revela o grande valor que Jesus dá a quem foi chamado por Ele, para levar o Seu amor às ovelhas perdidas.
Jesus quer que façamos a nossa parte: Sermos pescadores de homens. O chamado é para lançarmos a rede (Jo.21:6), ou seja, compartilhar a Palavra, mas também puxarmos a rede para próximo de Jesus (Jo.21:11), ou seja, cuidar do que se pescou (Discipulado). A rede do evangelho é tão forte que não se romperá mesmo que os peixes forem muitos. O desafio de Jesus para Pedro era lançar a rede, mas também cuidar dos peixes (Jo.21:15-17).
A decisão de Pedro foi de continuar a realizar a missão deixada pelo Mestre, a ponto de morrer por esta causa. E a sua? Retrocederá à vida antiga ou continuará com Jesus? Não esqueça: “Aquele que perseverar até o fim será salvo”.