Nossos dias são cheios de tensões, conflitos, inseguranças e mudanças. Convicções são questionadas, fundamentos seculares são removidos, discursos vazios proliferam tanto na esfera política quanto religiosa. Como nos conduzir nesta situação? (Sl.11:3).
A vida nos tempos de Jesus não era muito diferente disso. Nesse momento Paulo, o apóstolo, se distingue e se destaca. Como ele consegue evitar os perigos dos erros e armadilhas dos seus contemporâneos? Nesse texto temos importantes considerações que podem nos servir como norteadores.
1 – consciência da finitude: “o tempo da minha partida é chegado”. O conhecimento de que nossa vida é limitada é indiscutível, mas comumente nos esquecemos disso e vivemos como quem tivesse tempo suficiente a perder com inutilidades, adiando o que é mais importante pra frente. Salomão tem uma opinião curiosa sobre isso: “melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa que há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” (Ec.7:2). A fragilidade do homem fica exposta e isso o deve encher de temor e humildade. Nessa posição sentimentos como ódio, vingança, cobiça, vaidade, secam como uma erva no sol, desnecessários e inúteis. Amar, viver, interagir apresentam-se como imperativos inadiáveis. Consideremos isso!
2 – consciência do propósito: “combati o bom combate, completei a carreira”. A vida para Paulo não era um acidente, era uma atividade consciente, um projeto no qual ele estava completamente envolvido e comprometido (I Co.9:24-27). Paulo queria ganhar, ser vencedor, ser campeão, mas no Reino de Deus e não no Reino dos Homens. De fato, cada um terá um combate e uma corrida, a sabedoria está em escolher o “bom combate” e a carreira certa. O esforço, o trabalho, a dedicação serão manifestos, a questão é: para alcançar qual prêmio: “coroa corruptível ou incorruptível”? Quem sabe o que tem a fazer não perde tempo, não procrastina, não sente preguiça, não se desvia facilmente. Um exemplo disso é Neemias: “Quatro vezes me enviaram o mesmo pedido; eu, porém, lhes dei sempre a mesma resposta: estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer; porque cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco”? (Ne.6:3-4).
3 – consciência da fé: “guardei a fé”. Que frase simples e difícil de ser dita em verdade! O próprio Jesus questionou: “Quando vier o filho do homem, porventura encontrará fé na terra”? (Lc.18:8). O curioso sobre a fé é que sua finalidade é ser: 1- “o fundamento do que se espera” (matéria na qual se constrói o futuro); 2 – “a prova do que não se vê” (uma realidade alternativa, mais concreta que a matéria); 3 – “meio de alcançar bom testemunho” (manter a fé é testemunho mais forte que qualquer outra coisa) e 4 – “forma de entender o mundo e a vida – pela fé entendemos” (para o crente tudo é explicável pela fé)” (Hb.11:3). Algo tão importante que o profeta diz: “o justo viverá pela fé” (Hbc.2:4), mas infelizmente é o que rifamos primeiro quando os problemas chegam. A semelhança dos discípulos que mesmo com Jesus presente no barco, desesperaram da fé e fizeram a pergunta clássica nesta hora: “não te importa que pereçamos”? (Mc.4:38). “Ainda não tendes fé” é a pergunta de Jesus (Mc.4:40). A primeira pergunta que a fé deve responder é essa: sim, Jesus se importa, independente de qual seja a situação! Por isso, Paulo, mesmo em meio a tantos problemas não deixou de crê: (II Co.11:23-33), tanto para suportar essa vida, como para esperar “aquele Dia”, no qual “o Senhor, o resto juiz” dará a ele e “a todos que amam sua vinda” a “coroa de justiça”.