As oito características descritas por Jesus em Mateus 5:1-12 só são experimentadas e vividas na totalidade, pelo poder do Espírito Santo. Nada podemos sem Ele [Jo 15.5].
As ordenanças de Jesus não podem ser comparadas aos 615 mandamentos exigidos pela religião judaica. Bênçãos resultantes da prática dessas ordenanças são produzidas pelo que se é e não pelo que se faz.
E é bom lembrar que bem aventurado é aquele que é feliz como Deus é; é o que tem saúde espiritual e emocional. Não é redundância perguntar se queremos ser felizes.
Felicidade é, inicialmente, nos esvaziar do orgulho – pobre de espírito (encolhidos, rebaixados). Em segundo lugar é nos ter e nos ver com os que choram. Gente assim tem tudo para ser mais feliz!
Quem são os que choram?
Não são os incrédulos. A igreja, como o mundo busca prazer, dinheiro, entretenimento, “pílulas” contra toda dor, e não o choro [Lc 12.19]. Jesus condena a alegria falsa, tola [Lc 6.25]. Stott sugere que “felizes são os infelizes”.
São aqueles que lamentam a perda da sua inocência, sua justiça, seu respeito próprio. Mais que a perda de alguém, lamentam suas falhas em arrependimento, motivados por uma tristeza espiritual. Não apenas fazem a confissão, mas vivem a contrição. Permitem serem quebrantados.
São os que vêem a santidade de Deus e caem em si, descobrindo sua “desqualidade” de espírito. Esses sempre insistem num auto-exame, periodicamente e perguntam sempre: Porque agi assim?
São aqueles que ainda conseguem ver que não há muitos cristãos em lágrimas. Não existe suficiente tristeza por causa do pecado entre aqueles que insistem em serem chamados de evangélicos!
Tasker diz que são os que enxergam as mesmas misérias em si, na sociedade e no mundo. Lamentam pelos outros, o que estes não querem lamentar: o pecado.
São aqueles que percebem que pecar não é só prejudicar pessoas, mas é ofender, aborrecer e ferir o coração de Deus.
O que significa chorar nesse verso?
A tradução certa seria lamentar, prantear, como fazem os que estão de luto vivendo uma separação total. Indica uma tristeza controlada, sem violência.
Lamentar é a palavra mais enfática no grego. É a perda que não pode ser escondida; é a tristeza que não pode ser ocultada. O choro vive uma circunstância, mas o lamento vive uma época.
Tiago 4.9 diz que é sentir as próprias misérias e em cima delas lamentar e chorar. Paulo mostra a tristeza para o arrependimento, segundo Deus, que não permitiu danos ou pesar, aos corintos, mas trouxe salvação [2Co 7.9-10]. A alegria e o consolo só podem ser operados onde há convicção de pecado.
Há exemplos?
Davi lamentou pela presença de Deus [Sl 42.1-3]. Pranteou seu pecado e as conseqüências [Sl 51]. Jeremias lamentou o castigo do seu povo [9.1]. Daniel pranteou o seu e o pecado da sua nação e suas consequências [9.3-5].
Jesus chorou pela futura destruição de Jerusalém [Lc 19.41]. Pedro chorou seu arrependimento [Lc 22.61-62]. Paulo chorou sua desesperança como homem [Rm 7]. O pai do jovem possesso chorou a sua falta de fé [Mc 9.24].
O que significa ser consolado?
É ter a ajuda, o apoio de alguém muitíssimo competente. É ser confortado, levantado pelo outro [Jó 4.3-4]. É ser representado por outro, mais habilidoso numa questão judicial – advogado. É receber uma exortação, uma conclamação para reagrupar e assim receber ânimo.
É ser aliviado do próprio desespero; perdoado na graça. É receber cura para o coração quebrantado [Is 61.1]. É receber paz sobre a consciência magoada e marcada.
Como alguém se torna assim?
Quando não perde a razão/consciência de vista, que percebe a necessidade do consolo. Vivendo a prática da PALAVRA [Tg 1.22-23], na MEDITAÇÃO, na ORAÇÃO e no COMPARTILHAR.
Quando decide viver por princípios. E nas situações de quebrantamento, permite-se ser tratado como José, no Egito. Quando não permite que as catástrofes da vida endureçam o coração.
Quando faz a opção por viver pela esperança; não perde de vista a glória de Deus [2Pe 3.13].