A prática da compaixão era uma característica clara na vida e no ministério de Jesus. Os vínculos de relacionamento que Jesus desenvolvia com as pessoas tinha a marca da misericórdia e compaixão. A conexão com as pessoas se iniciava por sentir compaixão dos que sofriam e viviam à margem da sociedade. A compaixão que Jesus sentia pelas pessoas ia além dos limites da religião, da classe social, da nacionalidade, da crença, do nível intelectual, da sexualidade, das exigências da Lei, etc.
“Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”. (Mt.5:4). Felizes os que se compadecem com os que sofrem, ou seja, padecem junto, sentem a dor do outro e se move a ajudar.
Observações no texto:
- A fome do povo inquietava e sensibilizava Jesus (v.1). Hoje, contemplamos uma geração indiferente à fome e miséria da multidão (Atualmente, 1% da população do mundo detém 50% da riqueza mundial, segundo o site da UOL Economia). A desigualdade e a pobreza global caminham a passos largos. Como os cristãos se comportam diante desta realidade? Quando a igreja se omite na prática da compaixão, ela contribui no aumento da pobreza e da miséria. Falta de compaixão é demonstrar que não vive o amor de Deus. (I Jo.3:17 / Is.58:6-11).
- A compaixão de Jesus pelo povo era expressa com ações (v.2). No dia do julgamento final, o que vai valer é o quanto fizemos pelo próximo como expressão de compaixão e amor (Mt.25:31-45 / I Jo.3:18).
- É possível que, mesmo com Jesus presente na igreja, exista muita gente passando fome entre nós (v.2b). É preciso primeiro termos compaixão com os que estão próximo, para então olharmos também para os que estão longe.
- Quem tem compaixão não encontra razão/motivo pra deixar de ajudar o necessitado, mesmo nos momentos de escassez (v.3). A justificativa hoje é a crise. Amanhã sempre haverá outra. Quem tem compaixão de verdade não espera tempo bom pra fazer o bem (Tg.4:17).
- Muitas vezes deixamos as circunstâncias falarem mais alto do que as ações, e assim deixamos de praticar compaixão (v.4). Os discípulos só olharam as dificuldades, e esqueceram as reais necessidades do povo. Porém Jesus estava ali e teve compaixão.
- A compaixão nos move a ajudarmos com o que temos, e não com o que poderíamos ter (v.5). O que se ouve hoje: Quando eu tiver um bom emprego, aí eu ajudo. Deixa as coisas melhorarem que eu vou dá uma força. Etc.
- As reservas são importantes em um tempo de crise desde que o objetivo maior seja o exercício da compaixão (v.6). Não há razão de acumularmos, se entre nós há quem necessite de verdade. A melhor reserva é a reserva em conjunto.
Mais do que nunca a Igreja de Jesus precisa demonstrar compaixão para com os famintos e necessitados, tanto de dentro como de fora da igreja. Viver o Evangelho de amor prático é o grande desafio para que o mundo seja impactado pela verdade, que é Jesus. “… O amor não busca os próprios interesses/não é egoísta” (I Co.13:5). Cristo é o exemplo maior deste amor. Quanto mais nos ligarmos uns aos outros, mais ações de compaixão e cuidado teremos uns dos outros.