Este texto traz informações de grande valor histórico, mas o seu maior valor está em revelar que a despeito da natureza pecaminosa dos homens, os propósitos de Deus para humanidade sempre prevalecerão.
Embora os homens fossem diferentes uns dos outros, mas bem no início da criação eles tinham tudo em comum (Um só Deus, uma só língua, um só modo de viver). Na individualidade havia unidade no modo de conviver e se relacionar. A verdade é que hoje o excesso de diferenças tem gerado complicações sérias nas relações. As diferenças pessoais, sociais, culturais, intelectuais e religiosas alcançaram um patamar tão elevado, que estabelecer unidade exige esforço sobrenatural por parte das pessoas.
O texto fala de duas coisas importantes sobre os primeiros humanos:
Uma só língua significa um só idioma, um só tipo de linguagem, um único conjunto de caracteres de expressão (Ex. A língua de um país).
Um só modo de falar significa uma língua com um só sotaque, uma característica comum de expressão. (Ex. As regiões e estados brasileiros). Mas também significa que se expressavam com uma intenção e pensamento comum, ou seja, andavam alinhados nos objetivos e realizações. Até aqui tudo bem!
Para Deus o problema não estava no que eles iriam realizar, mas no propósito da realização. Muitas vezes estamos fazendo coisas boas com intenção errada: Construção de templos, casas e empresas; casamento; formação intelectual (O que você vai fazer com os títulos conquistados? Vão trazer alguma contribuição para o Reino de Deus?). Espiritualmente também fazemos coisas que podem ser boas, mas com motivações erradas (Mt.7:22,23).
Deus não fala do que eles iriam construir, mas do que eles estavam intentando fazer com o que iam construir. “Fazer isso” não tem a ver só com o que eles iriam construir (cidade e torre), mas com a intenção do coração (v.6). Nem sempre a questão está no que fazemos, mas por qual motivo fazemos.
O que compõe a torre das confusões (v.4):
“Uma cidade com uma torre que alcance os céus”: Um monumento que produz sentimento de superioridade e enaltece a força e poder humano. Hoje não é diferente, a riqueza material, a construção de monumentos e o poder de dominar sobre o outro, é que prevalecem no coração humano. Vivemos sob o jugo da comparação de quem é o maior, o mais admirado e visto por todos. Obs. Nem sempre o que é grande é bom, porque o tamanho não determina a qualidade (Um templo grande não determina a qualidade de quem está dentro).
“Nosso nome será famoso”: Busca pela glória pessoal; fama; vaidade. O alvo era o engrandecimento do homem e não a glória de Deus. Aqui impera a síndrome de Lúcifer: Ser o maior e mais admirado de todos.
“Para que não sejamos espalhados”: Ajuntamento egoísta; individualismo coletivo. Aqui prevalece o sentimento egoísta de possessão, onde o que é nosso é só nosso e ninguém participa mais. Tudo que se constrói junto, mas é fechado para participação do outro, é danoso. Obs. Nem toda união e cooperação são desejáveis para Deus. O que eles estavam projetando era oposto à vontade de Deus de povoar a terra (Gn.9:1).
Deus permitiu que eles começassem a construir (v.5). Mas observou que a construção em si, era apenas o meio para eles alcançarem o verdadeiro propósito que queriam: Individualidade e independência que enaltecesse apenas um grupo e excluísse os de fora (v.6). Individualidade que promove a superioridade do homem sobre o próprio homem. Uma individualidade que dispensa a aprovação, a direção e o favor de Deus. Não adianta construirmos qualquer coisa, quer sozinho ou junto, se o objeto não estiver alinhado aos propósitos de Deus.
Aqui a soberania de Deus prevaleceu para manifestar seu propósito para humanidade. Mais uma vez a Trindade intercede (v.7), amando e conduzindo os homens para o caminho perfeito: Viver segundo a vontade de Deus. Somente Jesus pode nos capacitar a trilhar este caminho: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.