Embora vindo do Pai e ciente de que Ele era cidadão do Reino de Deus, no entanto, toda espiritualidade de Jesus era evidenciada no modo como ele vivia entre os homens na terra. A espiritualidade de Jesus não era etérea/invisível, mas envolvia completamente o chão da vida e um jeito de viver.
Nos evangelhos, ao observarmos o modo como Jesus e até mesmo os primeiros cristãos viviam, podemos concluir que não havia dissociação da vida comum com a vida espiritual; não havia separação do seu modo de viver a vida comum com sua relação com o Pai. Infelizmente nós cristãos fomos ensinados a separarmos a vida espiritual da vida natural. Daí se vai para o templo adorar a Deus e saímos nos sentindo os mais espirituais do mundo. Só nos sentimos espirituais se estivermos reunidos como igreja em algum lugar. Daí tudo que se faz de útil e bom durante o dia só reconhecemos como simples atividades, menos como adoração a Deus e prática de espiritualidade. Até dentro da instituição não se vive a espiritualidade de forma natural, se faz uma atividade da igreja como se isso não fizesse parte do nosso viver natural. Isto nos leva a esperar recompensa e reconhecimento das pessoas e de Deus.
Vejamos então como Jesus evidenciava sua espiritualidade na terra:
Era uma realidade pessoal (Interior). Uma espiritualidade que atingia primeiro ele mesmo; que gerava nele a identidade do Reino, como fruto da influência direta de Deus no coração e na mente Dele: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim…” (Jo.14:10,11). “Eu e o Pai somos um” (Jo10:30). Uma espiritualidade que primeiro atinge e transforma a alma. Que é vivenciada por atitudes que acontecem primeiro dentro da alma: “Ouviste o que foi dito… mas eu lhes digo”. Exemplo: O mundo vê as pessoas como adoradoras dentro da igreja, mas lá fora no dia a dia, na maioria das vezes não são vistas assim.
De forma prática, ativa e útil. Uma espiritualidade não subjetiva, que alcança apenas os sentimentos e as imaginações, mas útil para o mundo visível. Jesus colocava seu modo de viver, suas ações diárias, debaixo da vontade do Pai: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará…, mas aquele que faz a vontade do Pai”. Tinha uma vida na terra engajada nas coisas do Reino de Deus.
Nas relações pessoais (Relacional). Quanto mais espirituais formos, mais relação de amor e afeto se desenvolverá com o próximo. A espiritualidade de Jesus era evidenciada principalmente na forma como Ele servia o outro (Jo.13:4,5). A verdadeira espiritualidade anula o isolamento, abraça a inclusão do outro e nos torna mais perfeitos como o Pai. (Mt.5:43-48). Uma espiritualidade sadia aproxima as pessoas ao corpo de Cristo, para ser um com o Pai (Mt.25:31-46).
Centrada em Deus (Teocêntrica). Deus estava no centro da vida de Jesus e não as pessoas ou as coisas da terra. Sua vida toda era focada em Deus. O critério para viver sua espiritualidade na terra de forma útil era fundamentado unicamente na presença de Deus em sua vida. (Mt.13:3).
Conclusão: O desafio de sermos santos assim como o Pai é santo se inicia aqui na terra. Somos chamados a viver na terra com a mesma espiritualidade que o nosso mestre Jesus viveu. Foi um homem especial porque sua espiritualidade foi vista na prática da vida comum. Ele era ao mesmo tempo espiritual e humano em quaisquer circunstâncias da vida, por isto Ele dizia: “Quem vê a mim, vê o Pai”.