Um escriba, guardião da lei e dos costumes vai até Jesus em busca do que é mais importante, daquilo que realmente deve ser feito para agradar a Deus. A busca se reflete em duas questões:
– No meio de tantas demandas e obrigações, o que se está realmente propondo?
– Qual a nossa identidade? Como identificar quem anda com Deus? Roupas, festas, apertos de mão, sinais?
– Como se comportam, o que realmente fazem os que são filhos de Deus?
O critério que Jesus usava para responder qualquer pergunta era se eram sinceras ou não. Essa ele responde, atestando a sinceridade do escriba. A resposta é:
1- v. 29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. A compreensão de que Deus é único e exclusivo e que por isso merece devoção total dos seus servos. A devoção consiste, não na observância de ritos e normas, mas no ato de amá-lo. Amá-lo acima de tudo, de si mesmo, do outro, de qualquer outro referencial. Não se anda com Deus pela metade. O que se exige é: todo coração, toda alma, toda força, todo entendimento. Deus correndo nas veias, visceralmente ligado a nossa existência. Deus é o primeiro, o começo. Sem Deus toda possibilidade se esgota. A primeira coisa a fazer é estar com Deus. Este é o principal mandamento e atitude. Interessante que é uma relação única, individual. É “teu coração, tua alma, tua força, teu entendimento”. Somente após me reconectar com Deus posso dar o segundo passo.
2 – v. 31 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Deus é o começo de tudo, a fonte do rio da vida. O “próximo” é o percurso deste sinuoso rio do amor, que por fim desaguará no oceano da graça de Deus. Deus é o “alfa e o ômega, o começo e o fim”. Amar a Deus e ao próximo é nosso compromisso identidade. Amar é atitude e não conceito. Prática e não filosofia. Posicionamento e não sentimento. Religião não ensina a amar. Amar só se aprende no percurso da vida, nas interações humanas, na compreensão e aceitação de Deus, de si mesmo e do outro.
O escriba concorda! “Ele é o único e não há outro senão ele”. Veja que ele muda já a perspectiva do “mais importante” para o “único”. Algo que “excede todos os holocaustos e sacrifícios”. Vindo de um escriba é fantástico. “Não estás longe do Reino” – diz Jesus, afinal de contas, quem ama, nunca está longe de Deus.
O amor é o mais importante, mas curiosamente não aparece nas pautas das igrejas, nem mesmo dos discípulos. Eles pediram a Jesus para ensiná-los a orar, aumentar a fé e discutiram acaloradamente quem deles seria o maior, mas nunca pediram nada sobre o amor. E o amor é a nossa real identidade.
Jesus mesmo diz que tudo é possível ao que crê, imagina o que é possível ao que ama. Já que o amor é maior que a fé!