“E outra vez começou a ensinar junto do mar, e ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar. Ensinava-lhes muitas coisas por parábolas e lhes dizia na sua doutrina: Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear; E aconteceu que, semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram; E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos, e crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto. E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem; E disse-lhe: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
O terreno é o coração e a semente é a possibilidade do Reino de Deus. A forma como esse encontro se processa dá a medida da resposta ao chamado para o relacionamento e compromisso com Deus.
1 – Beira do caminho: coração duro, impenetrável. A palavra não tem acolhida. Representa aqueles cujos corações estão impermeabilizados pela incredulidade. O coração é blindado à Verdade, porque ele já têm suas próprias verdades! Quando o reino de Deus é proposto cai sobre seus paradigmas, seus modelos mentais e por isso se torna inócuo. Não fica nem
resquício da Palavra. Vem as aves e levam a semente e com ela a possibilidade de uma floresta de vida. Jonas, com sua opinião sobre os ninivitas, os religiosos fariseus com Jesus, são tipos deste terreno. Não importa o que aconteça, se são engolidos por um peixe ou se vêem todo tipo de sinais e prodígios, não mudam o que pensam. Deus não tem a mínima chance de relacionamento com eles.
2 – Caiu sobre pedregais: a palavra é acolhida e chega a nascer logo, mas não há profundidade. Debaixo da pequena camada de terra só existe pedra! Representa aqueles que são superficiais, rasos, limitados em suas disponibilidades ao Reino. Até querem, desde que não doa. Se couber no espaço que eles dispõem, tudo bem, senão não vinga. Para estes o sofrimento impede o reino. Para eles o Reino de Deus é como um conto de fadas, um felizes para sempre, que não tolera problemas. Deus serve como amuleto contra as dores do mundo, mas se a dor vem, então Deus perde a graça. Neles ficam algo da palavra, mais como um cemitério do que como um jardim. Para eles ou Deus evita toda forma de dor, ou é sumariamente abandonado. A mulher de jó representa bem essas pessoas: “Ainda reténs tua integridade? amaldiçoa Deus e morre”. (Jó 2:9). Seguir Deus quando tudo está bem é possível, quando as coisas vão mal é loucura.
3 – Caiu entre espinhos: a palavra é acolhida, também nasce, mas o terreno já está ocupado e ela acaba sendo sufocada. Representa aqueles que querem Deus, mas querem muitas outras coisas também! Deus é mais um item na vida deles, junto com o desejo de construir seus próprios reinos de riquezas e ambições. Há uma disputa interna! Comprometo-me comigo ou com Deus? A questão é que o reino se propõem, não se impõem, enquanto o desejo oprime e escraviza. Tais pessoas não decidiram o que realmente querem na vida ainda, por isso Deus é apenas um complemento e não a essência e aí não vinga.
4 – Boa terra: é um coração aberto, ávido pela palavra, disponível para se deixar transformar, para abandonar suas verdades em prol da única verdade. Seu coração é profundo e a dor apenas aperfeiçoa sua fé, suas lágrimas regam sua fé. Não há nada nele que concorra com Deus. Deus é Senhor absoluto de sua vida e vontade, por isso seu compromisso é real e os frutos são abundantes!
Acima de tudo que se deve guardar, guarda o teu coração!