“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos”
A justiça da qual falamos é a que foi realizada por Deus em nosso favor. É a compreensão de Deus e do que fez por nós. É fome e sede de Deus.
Jesus chama de feliz quem vive essa fome diária da compreensão do amor de Deus o que o levará a amá-lo cada vez mais.
Feliz, mas insatisfeitos com o pouco que tem, e querem mais.
Sabem que o alvo é ser semelhante a Jesus e que o caminho é imenso, mas não desistem não se satisfazem com o que já tem.
São como as aves migratórias que percebem a aproximação do outono e por um instinto buscam aquele lugar que vai lhes proporcionar o que precisam. Dai esse magnetismo que as atrai para este lugar.
Deus é o nosso lugar que aspiramos e para o qual devemos ser atraídos, não em alguma estação da vida, mas sempre.
Antes de ter fome de Deus teremos que ter fastio das coisas dessa vida.
Vai ser preciso ser insatisfeitos com esse sistema e desejar o que ainda não conhecemos totalmente, mas que sentimos fome dele – O Reino de Deus em plenitude.
Quem vive correndo de um lado para outro a fim de conquistar coisas na terra como a sua maior aspiração, nem de longe experimentará fome e sede da justiça de Deus.
Como disse Jesus a mulher samaritana: Quem bebe dessa agua tem sede sempre, mas quem beber da agua que eu lhe der jamais terá sede.
Quem imagina que está quite e em dia consigo e com Deus e que nunca experimentou o que significa sofrer por Cristo, nunca terá fome e sede de justiça.
Os que mais são possuídos por Deus são os que mais o procuram, e quanto mais o sofrem nessa busca, mas são fartos.
“Bem aventurado os misericordiosos, pois obterão misericórdia”
Misericordioso é aquele que tem o coração para os míseros; aquele que compreende e ama os fracos, os ignorantes, os doentes, todos os necessitados de corpo, mente e alma, e procura aliviar-lhes os sofrimentos (Huberto Rohden).
Tg.2:12-13 – quem não age com misericórdia terá sobre si um juízo sem misericórdia.
Ser misericordioso tem a ver os dois mandamentos: amar a Deus e amar ao próximo.
O relacionamento com Deus não é algo meramente ético, que o leva a fazer o bem, mas é, sobretudo, espiritual que o leva a ser bom.
Ser bom não é ser sem erros é apenas alguém que tem sua bondade brotando do seu amor a Deus.
Misericordioso é quem dar o quem tem dando a si mesmo.
Não basta fazer o bem (dar coisas) – é necessário ser bom (dar a si mesmo).
Uma pessoa pode fazer o bem sem ser bom, quando o bem é apenas um objeto, um marketing. Mas ninguém pode ser bom sem fazer o bem.
O fazer o bem não produz o ser bom, o ser bom é quem produz o fazer o bem.
A ética não produz o espiritual. O espiritual produz a ética.
Se a espiritualidade de alguém não produz o fazer o bem ela é falsa, é apenas marketing.
Existe uma ética sem ser espiritual sim, mas ela é dolorosa, e tudo que doloroso é também difícil de permanecer. Somente a ética que brota de quem é espiritual, pois ama a Deus, é fácil, prazerosa e permanece.
Os misericordiosos receberão misericórdia de Deus e não necessariamente da parte dos homens.
É possível ser misericordioso com os homens e deles não receber misericórdia.
O misericordioso segundo Jesus é alguém livre de todo e qualquer espirito mercenário. Trabalha por amor nunca trabalha para ter publico quem o aplauda, quem o reconheça.
O homem espiritual é por dentro totalmente de Deus, e, por fora, de todas as criaturas (Huberto Rohden).
Os misericordiosos veem Cristo em tudo e em todos.
“Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”
(Jr. 17:9) – Puro de coração é aquele que se libertou de quem pode enganá-lo frequentemente.
É uma libertação de si mesmo, de suas vontades e desejos que povoam o coração. Jesus disse que do coração saem os maus desígnios. Salomão disse que o coração deve ser protegido, pois dele saem as fontes da vida.
É mais fácil alguém ser livre de coisas e riquezas do que de si mesmo.
Maior é quem domina o seu espirito do que aquele que domina uma cidade (Pv.16:32). Dominar a si mesmo é vencer a sua própria natureza, é renunciar desejos, vontades, prazeres.
A recompensa dos puros de coração será ver a Deus.
Ver a Deus significa perceber Deus presente e não apenas perceber coisas ou atos.
Quem é puro ver Deus no outro. Quem não consegue ver Deus no outro nunca o servirá – quem serve o outro serve a Deus.
Pra ver Deus no outro é necessário tanto ser misericordioso quanto ter uma mente pura – “A cabeça toda está ferida, todo coração está sofrendo” (Is.1:5).