Quais seriam as nossas ações sabendo que iríamos morrer? Onde ou no que mais investiríamos diante da certeza que teríamos pouco tempo de vida na terra? O que ouviríamos das pessoas diante desta certeza?
Os conselhos seriam dos mais diversos: Prepara o inventário dos bens que você possui. Gaste tudo que você tem com você mesmo. Viva intensamente junto com as pessoas que você mais ama. Acerte com aqueles cujos relacionamentos foram quebrados. Aproveite de tudo que você puder na vida. Realize seu maior desejo, sonho, etc.
O rei Ezequias recebeu de Deus o aviso de sua morte. Junto a este aviso veio instrução sobre o que ele deveria fazer até o seu dia final.
Observação: O rei Ezequias foi um rei exemplar porque fez o que o Senhor aprovava, tal como tinha feito Davi, além de depositar plena confiança em Deus. Entre todos os reis de Judá, não houve nenhum rei como ele (II Reis 18: 1-8).
Mesmo na eminência de sua morte e com um retrato de vida exemplar, o rei Ezequias recebeu de Deus a instrução de pôr em ordem sua casa, antes de partir. Deus exigiu de um homem que tinha uma vida correta diante Dele, a responsabilidade de deixar a casa arrumada, organizada. A casa aqui representa para o rei o povo, a nação que ele governava; mas também representava a família, as pessoas que ele cuidava.
A consciência do rei Ezequias de que deveria deixar sua casa arrumada e em ordem, o levou a fazer a oração que comoveu o coração de Deus (Is.38:2).
Que tipo de oração sensibiliza Deus? O que faz Deus ouvir e atender nossas orações? Será que Deus se deixa comover pelas palavras que expressamos quando oramos? Houve várias pessoas na Bíblia que oraram e Deus ouviu suas orações: Ezequias, Daniel, Zacarias, Cornélio, etc.
Creio que não é a forma; não é o conteúdo; não é qualidade; não é a quantidade de tempo ou tamanho; não são os adereços (chorar, gritar, gemer, gesticular, ajoelhar, repetir, etc.) que faz Deus agir a nosso favor. A vida do rei Ezequias falou mais alto do que suas palavras.
Algumas observações sobre a oração de Ezequias:
Não foi a enfermidade do rei que comoveu Deus a agir, mas a confiança que o rei Ezequias depositava em Deus (Isaías 36:4,5 / II Re.18:5).
Não foi só pela vida do rei que Deus se comoveu, mas também por toda a da casa do rei (Isaías 38:1,6). A mesma coisa aconteceu com Cornélio e todos da sua casa. Nosso amor e oração pelos outros sensibiliza Deus. “Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos, e deu o Senhor a Jó o dobro de tudo o que antes possuía” (Jó 42:10).
A vida de Ezequias falou mais alto para Deus do que a quantidade de palavras expressa em sua oração (Isaías 38:3 / II Re.18:3). O que ele viveu foi infinitamente maior do que ele falou. Ele orou o que vivia diante de Deus e dos homens: Andei em verdade. Fui inteiro, íntegro, completo de coração. Fiz o que era reto aos teus olhos.
O quebrantamento de Ezequias foi expresso por um coração consciente de que Deus estava no controle de sua vida (Isaías 38:15-17). As nossas lágrimas só comovem Deus quando Ele olha para nossa vida e vê correspondência com aquilo que oramos (Isaías 38:5).
Na sua angústia, o rei Davi orou dizendo: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl.51:17).
Espírito quebrantado: Rendido, vencido por Deus. Mergulhado, submerso na presença do Santo.
Coração quebrantado: Prostrado, curvado. Sacrifício interior de total entrega a Deus, que está além de qualquer coisa material ou sentimental.
Coração contrito: Arrependido; sensível à santidade de Deus. Expressar o que está no íntimo (Sl.51:6). Deus busca o que está no interior do coração. Ele quer profundidade e não superficialidade; essência e não aparência.