Jesus iniciou seu ministério com uma mensagem composta de uma linguagem totalmente contrária a que vigorava no mundo de sua época. Ele chegou num período em que o rigor do cumprimento da lei prevalecia na vida do povo judeu. Os líderes religiosos cultivavam uma linguagem de exigências e sacrifícios para que o homem fosse merecedor das bênçãos de Deus. Somado a isto estava o velho anseio do homem em ser igual ao seu criador e superior ao seu semelhante. O desejo de ser maior, de estar acima de todos e permanecer em evidência é o que prevalecia, e continua prevalecendo, no coração do homem.
No entanto, Jesus chegou anunciando a mensagem do Reino como um convite a viver na contramão do que era ensinado pelos doutores da lei. A mensagem de Jesus não estava firmada em valores materiais, crenças religiosas, causas políticas ou venda de certezas. A base de sua mensagem era: Apresentar a beleza do caráter de Deus; chamar pecadores ao arrependimento (mudança de vida) para viver como Ele “… aquele que afirma que permanece nele deve andar como Ele andou” (I Jo.2:6); e a depender de Deus em tudo: Viver por fé e não pelo que ver.
Nos tempos de hoje, é de fundamental importância discernir qual é a verdadeira mensagem do Reino de Deus. Ouve-se e faz-se de tudo em nome de Deus. Muitos usam a própria Bíblia destorcendo ou transformando a verdade de Deus em mentira (Ro.1:25).
Características da mensagem do Reino:
É loucura, contra-senso, incoerência, para este mundo perdido (Gentios). (v.18,23). Hoje a essência da pregação de Jesus é ignorada e trocada pela linguagem deste século. Isto porque ela é uma ameaça à manutenção dos padrões humanos e mundanos. Se Jesus chegasse hoje na terra pregando a mensagem do Reino, seria considerado um insano, porque sua mensagem é loucura para o mundo. Gentios eram os não judeus, gente que não faziam parte do povo escolhido de Deus. Hoje seriam os que vivem no mundo, alheios à verdade e existência de Deus. Quem abraça a loucura da mensagem do Reino sofrerá resistência social; será julgado por atitude de descriminação e de intolerância por não viver no sistema.
É escândalo, aberração, para os religiosos (Judeus). (v.23). Os judeus significavam povo de origem Israelita que vivia escravizados pela lei e pelas exigências da religião, da liturgia, das regras e sacrifícios. São aqueles que a letra, o mandamento, é maior do que essência da mensagem; que transformam a mensagem em peso e algema na vida do outro (Ro.2:17-24). Eles ignoravam o que o apostolo Paulo dizia: “Agora morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertos da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da lei escrita” (Ro.7:6). “… a letra mata, mas o Espírito vivifica” (II Co.3:6). A mensagem de Cristo é escândalo para os religiosos porque exige o que eles mais rejeitam: Abandonar as coisas velhas morrendo para si mesmo e para o mundo.
É um convite para ser crucificado com Cristo (v.23a). Ser rejeitado, menosprezado, ridicularizado, ultrapassado, envergonhado, injustiçado, perseguido, por amor a Cristo. Isto exige abrir mão de muitas coisas (direitos, poder, fama, glória, de ser o maior, de ser exaltado, etc.). Ser crucificado com Cristo é si colocar na posição de servo, de ser menor no mundo, porque é a única forma de ser grande no reino de Deus. Um dos grandes problemas da humanidade está em não saber o que significa ser o menor e o maior para Jesus. O que o homem pensa de si mesmo, é incompatível ao pensamento de Deus: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos” (Is.55:8). O homem pensa de si mesmo com base no que ver, no exterior; no entanto, Deus pensa do homem a partir do que estar no coração (I Sm.16:7). Para Jesus o parâmetro de ser maior ou menor tem a ver com grandeza interior e não com grandeza exterior. A mensagem do Reino revela que as coisas sem valor na terra é que são significantes para Deus (v.19-21,25-29). O menor no Reino de Deus estar acima do maior na terra (Mt.11:11).
É o poder e sabedoria de Deus para todos aqueles (Judeus, gregos, etc.) que estão sendo salvos, transformados diariamente por Ele (v. 18, 24). (II Co.3:16-18). É a verdadeira mensagem que tem o poder de transformar vidas para glória de Deus (v. 30,31). E porque é o poder de Deus, a mensagem do Evangelho é digna de toda aceitação. Dela não temos que nos envergonhar. “Não me envergonho do Evangelho, porque é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê… Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Ro.1:16,17). Quem abraça a mensagem do Reino de Deus não negocia princípios e valores que estão firmados na Palavra; se mantém firme e não vacila em permanecer na verdade do Evangelho.