Abel não é um homem extraordinário no ponto de vista atual, não é estrela de primeira grandeza, mas experimenta o extraordinário do Deus de todas as épocas. Ele mostrou como se deve viver fora do Paraiso.
Abel é filho de pai (Adão) sem voz [1] e de mãe desesperançada da família [2]. No decorrer da história do casal, é gritante o silencio de Adão e a angústia de Eva quando diz que conseguiu um filho com a ajuda de Deus. Silencio e desespero é a mala única de quem carrega culpa e frustração.
Abel nasceu e viveu num período que ninguém se interessa pela pessoa de Deus [2, 26]. Adão e Eva estavam afastados, alienados, desesperados e irritados com um Deus que ficou devendo para eles… Viviam no Paraíso de Deus de favor. Nada nos pertence nessa terra [Sl 24.1].
Abel recebeu um nome que não expressa nada; o nome indica Nulidade, Vapor, Vazio, Fumaça, Neblina. Santo Agostinho dizia que pecado é revolta, cegueira e orgulho, mas Abel é um nada sem rebelião, sem vanglória, sem raiva, sem reclamação. Gente comum é que se alimenta e sobrevive do próprio nome. Mas Deus não é um nome [Ex 3.14]. Ele simplesmente é. O problema dos pais de Abel é que na sua inveja, eles não querem viver de favor… São como os dois credores de Mateus 18. 23-29.
Abel tornou-se, escolheu para si o pastoreio (guiar, liderar e alimentar) de ovelhas, numa época em que ninguém comia carne [3.18]. Um nada vocacionado para o nada! Além disso, ovelhas são sempre imprevisíveis, temerosas, contrapondo a agricultura certinha de Caim [2]. Gente comum escolhe o previsível; o nada os apavora!
Abel decidiu ir além da letra, da ordem; não se prendeu aos limites da regra [Gn 3.17-18]. Transcendeu seu irmão em relação ao valor da vida. Vida é graça. O adorador tem consciência disso. Caim não atentou nisso. A graça de Deus não se vinga, não mata, mas persegue Caim!
Abel não ofereceu nada tentando provar algo, como Caim, que enfurecido exige lógica, critérios, justiça, explicações. Deus não nos mantém pelas explicações [4.6]. E o sacrifício de Abel foi maior do que seu irmão [Hb 11.4]. Abel é um nada de joelhos, grato, sem reivindicações, sem murmurações, sem vanglória [4.5]. Isso é adoração.
Abel não ofereceu “uma oferta aleatória”, como Caim [Gn 4.3] Trouxe as primícias específicas [4.4]. Sua proposta de vida é 1 Coríntios 4.7. Estava convicto que sua espiritualidade não poderia ser medida pelo que fez ou não fez! Sabia que não teria como pagar Deus por viver de favor. Não dizia: “Tem misericórdia e tudo te pagarei”!
Abel foi aprovado por Deus [4.4], e reconhecido como justo [Hb 11.4]. Porque desistiu de tudo por Deus. Gente assim sobe nas alturas, está acima da média, em cima, nos montes! Olha tudo pela perspectiva celestial…