Quando assisti o filme Lutero, de forma muito clara é mostrado o fundo do poço atingido pela então igreja cristã. Ela liderava pelo medo e pela opressão. Deus era apresentado como um ser cruel e ambicioso que estava pronto a matar e lançar no inferno quem não lhe desse alguns trocados. Era apresentado como um Deus de barganhas, ou seja, caso algum dinheiro entrasse nos cofres da igreja, Ele tiraria do purgatório ou do inferno aquele que ofertara ou por quem fora dada a oferta.
Foi uma época desastrosa, uma manipulação ambiciosa sem misericórdia, simplesmente pelos interesses de uma igreja falida dirigida por líderes falidos espiritualmente.
No meio desse horror surge Lutero, que contribuiu para trazer de volta a sensatez da palavra de Deus de que o homem só poderia ser salvo pela graça através do sacrifício de Jesus Cristo que morreu pelos pecados de todos e ressuscitou no terceiro dia.
É fácil ver os erros do passado. No entanto, o que mais me impressionou no filme não foram os erros da igreja daquela época, mas a inegável semelhança com os erros atuais.
Será que oferecer rosas ungidas, óleos que resolvem qualquer problema não são indulgências do nosso século? Será que ensinar que ofertas, quando entregues nas igrejas, obrigam Deus a nos tornar ricos não são novas indulgências?
Será que oferecer a solução de grandes problemas da vida simplesmente tornando-se contribuinte através de um carnê, não ressuscita as antigas indulgências?
Dízimos e ofertas, que deveriam ser expressões de fidelidade, amor e gratidão, tornaram-se um meio para manipulação e controle.
Quando tudo que fazemos vira um meio de arrecadação, não transformamos o ministério em um grande mercado de indulgências?
No tempo de Lutero, o papa detinha a revelação bíblica, isto é, ninguém podia interpretar a Bíblia. Isso se mostrou um eficiente instrumento de controle e manipulação das massas ignorantes e amedrontadas. Não fazemos hoje coisas similares mesmo com a Bíblia disponível a todos?
Naqueles tempos, a igreja liderava por ameaças. Se não andassem dentro dos limites e regras estabelecidos seriam julgados, alguns excomungados e até condenados à morte.
É muito diferente hoje? Não! Ainda vemos muitos, chamados líderes, impondo suas idéias como se fossem bíblicas, interpretando a palavra de Deus segundo as suas próprias conveniências e ameaçando membros com maldições. Argumentando serem autoridades espirituais, impõem medo, aprisionam irmãos em seus rebanhos, obrigam a cumprir seus desejos mais toscos e contrários ao ensino do Senhor.
Estamos muito parecidos! É verdade que ainda não chegamos às raias de voltar a vender a salvação ou condenar irmãos à morte, mas trocamos ofertas por curas, bênçãos e orações. Pode ser um grande passo de volta ao passado das eras escuras.
Os discípulos dos nossos dias deverão se levantar, pessoas que não se curvarão diante de quem quer que seja ou ao cargo no qual estejam investidas, mas, sobretudo, defenderão o evangelho simples de Jesus.
É hora de voltarmos a Jesus a palavra de Deus e nada mais, tudo que passar disso vem do maligno.
Chega de indulgências! O que recebeste de graça, de graça daí. O ministério pode ser fonte de lucro, mas com contentamento.
Líderes, ou melhor, servos, exortem, repreendam a quem servem, mas o façam para que sejam sadios na fé sendo obediente tão somente a palavra de Deus revelada aos homens chamada Jesus.
É desse jeito
Tomaz de Aquino
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São Luis,
23/03/17