Por ignorarmos ou desconhecermos a Palavra de Deus nos escandalizamos com muita facilidade com tudo o que está acontecendo em nossa geração. A consequência disto é que muitos que professam Jesus como Senhor, e dizem serem seus seguidores, esquecem que é inevitável que estas coisas aconteçam (Lc.17:1). Mas o pior é que achamos que nós não somos causadores de escândalos. No entanto, o que temos visto são cristãos trazendo escândalos, fruto da incoerência do Evangelho que pregam com a vida que vivem. Ao mesmo tempo em que Jesus impactava seus ouvintes com um modo de viver que contrariava o modo como eles viviam, Ele se misturava com eles, os acolhia e os amava. A contradição de Jesus era no modo de viver e não na rejeição das pessoas.
Jesus era consciente de que, o efeito da sua missão e do seu modo de viver na terra ia ser causa da divisão entre os homens, por outro lado, com o seu amor Ele atraia as pessoas a repensarem suas vidas e se aproximarem de Deus.
Os três aspectos que tornaram Jesus um sinal de contradição:
O tipo de justiça de Deus, que Jesus veio trazer. No contexto da época, para os judeus o fogo era um dos sinais indicadores da presença e de julgamento definitivo de Deus. Eles conheciam apenas o Deus Pai Juiz, que mandava fogo dos céus: “… Deus é fogo consumidor” (Dt.4:24/ Hb.12:29). Exemplos: “A alma que pecar esta morrerá” (Ez.18:20); Moisés e a sarça ardente; Elias e os 450 profetas de Baal; os próprios discípulos de Jesus (Lc.9:51-55). Enquanto os judeus esperavam uma justiça do Criador imediata e implacável para o pecador, Jesus veio trazer uma justiça que abraça o amor e a misericórdia imensurável do Pai: “A justiça que é pela fé no Filho de Deus”. “Vim trazer fogo à terra” significa que Jesus veio trazer, por meio de seu modo de viver e de seus ensinamentos, fogo de Deus como purificador de vidas. As palavras de Jesus são como fogo que aquece e purifica a mente e o coração. Só Jesus, o verbo vivo. tem o poder de purificar o homem da impureza do pecado, permitindo que a graça e a salvação brilhem acima de tudo.
O tipo de transformação de vida que Deus espera dos homens. Os judeus acreditavam na transformação humana por meio do cumprimento da Lei e do esforço próprio. Jesus se apresenta como o único meio de transformação. “Passar por um batismo” tem a ver com a morte de Jesus na cruz, que passa a ser uma espécie de banho purificador. Ser transformado em uma nova criatura significa primeiro passar pela cruz de Cristo, ou seja, estar imerso totalmente no sofrimento e sacrifício redentor. Foi o que aconteceu com os discípulos (Mc.10:35-39). A morte de Cristo na cruz era necessária como expressão plena do amor de Deus pela humanidade e como a verdadeira forma de transformação de vida.
O tipo de compromisso do homem com o reino de Deus. Os judeus legalistas se tornaram promotores de uma falsa conciliação do homem com Deus, por meio da prática de boas obras, que nem eles mesmos conseguiam viver. Isso produzia apenas divisão entre eles mesmos, e com outros povos. Jesus se apresenta como o único caminho de ligação do homem com o Criador, porque afirmou: Eu sou o Caminho. A expressão “Vim trazer divisão” não significa que Jesus está atacando o relacionamento familiar, mas indica que nenhum laço familiar e terreno deve diminuir ou destruir nossa ligação e lealdade com Ele. Ele mesmo disse: Ninguém pode servir a dois senhores. A ilusão da convivência do bem com o mal e da justiça com a injustiça deve ser eliminada.
Aqui não é uma separação ou exclusão de pessoas, mas uma inclusão dos princípios de Deus que devem ser como fermento que contamina toda a massa.
Quando Ele diz: “Não vim trazer paz na terra”, Ele está falando da falsa paz promovida pelos Romanos: Pax – Romana (Paz da tranquilidade institucional proclamada pelo Império Romano, que garantia a vantagem dos opressores sobre os oprimidos). A paz que Cristo veio oferecer não era da terra, porque o mundo e seu sistema jazem no maligno, mas a paz Dele no interior das pessoas individualmente. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou tal como o mundo a dá” (Jo.14:27).
Conclusão: Quais sinais de contradição nós temos deixado no mundo? Os mesmo de Jesus ou aqueles estabelecidos pelo sistema do mundo? Somos discípulos de Jesus que aproximam as pessoas de Deus ou as afastamos?