Desde o princípio Deus criou tudo interligado. Tudo que se move na terra não foi criado para existir só, mesmo que isto seja único. O sol, a lua e os planetas, existem interligados ao cosmo e ao universo. Os seres vivos sobrevivem em pares, por troca com o meio ambiente e por relacionamentos com os iguais e diferentes.
A solidão e o isolamento nos torna vulneráveis à quebra do processo natural de sobrevivência e crescimento. O verdadeiro evangelho opera através da engrenagem da diversidade, da cooperação, da união e da comunhão. O apóstolo Paulo usa o corpo humano como exemplo pra nos ensinar a importância de abraçarmos um evangelho que nos ensinar a interdependência e o valor dos relacionamentos (I Co.12:12-26). Desde o início da criação vemos um Deus que se importa com a criatura: Onde você está Adão? Cadê tua mulher?
O Evangelho de Jesus é aquele que faz a gente se envolver e se importar com o outro, de tal forma que quando Deus sente falta do outro, Ele nos pede conta de onde e como o outro estar. Esta é a forma de como Deus quer que nos relacionemos uns com os outros.
Hoje, o que implica para nós a pergunta que Deus fez para Caim: Onde está teu irmão? O que está embutido dentro desta pergunta? O evangelho pregado por Jesus revela as implicações desta pergunta, porque nos ensina a forma como devemos nos relacionar com o outro.
As implicações do Evangelho nos nossos relacionamentos:
Comporta e abraça as diferenças. Havia entre Caim e Abel diversidade no modo de ser e de viver (Caim era camponês e Abel era pastor). O Evangelho de Jesus não é um evangelho dos iguais, mas dos diferentes. É nos diferentes que a unidade do Espírito ensina que temos um só corpo, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos (Ef.4:3-6).
Anula o sentimento de superioridade sobre o outro. Na hierarquia familiar Caim veio primeiro logo, cabia a ele levar adiante a dinastia e ter o domínio familiar. Por ser o primogênito ele se sentia superior a Abel e com direito de ser o primeiro em tudo. Para ele era inadmissível Deus não aceitar a oferta dele e aceitar a de Abel (Gn.4:4,5). O Evangelho de Jesus não é um evangelho do maior e nem do menor, mas de todos, porque todos tem a mesma importância. “Não há judeu e nem grego; não há servo e nem escravo; não há macho e nem fêmea; pois todos vós sois um em Jesus” (Gl. 3:28). Ex. O filho pródigo e seu irmão mais velho. Obs. Quando não damos importância ao outro, nenhum sacrifício será agradável a Deus (Mt.5:23,24).
Enaltece o diálogo, a comunhão e o compartilhar. Caim não desenvolveu um diálogo sadio e transparente nem com Deus e nem com seu irmão (Gn.4:6,7). O Evangelho de Jesus não é um evangelho de segredos, mas de transparência e verdade. Como cristãos precisamos avaliar as qualidades de nossas relações, pois a cultura dominante hoje é a subjetividade.
Produz comprometimento e responsabilidade com o bem-estar do outro. Aqui o valor humano supera as ações, as falhas e os erros, porque quando um sofre todos sofrem e quando um se alegra todos se alegram (I Co.12:26). A disponibilidade de caminhar junto e proteger o outro sufocam a individualidade, o isolamento e a indiferença; porque ninguém deve ser descartado, rejeitado ou ignorado. O Evangelho de Jesus não é um evangelho do individualismo, mas da comunhão e do partir do pão. Obs. Tem muitos cristãos que preferiam ser filho único.
Hoje, Jesus está perguntando para Igreja: Onde está teu irmão, parente, vizinho, colega de trabalho, da faculdade? Onde estão as pessoas que você conhece e que precisam do teu amor e cuidado? O Evangelho de Jesus deixa claro que a face de Deus se revela na face do outro que está ao meu lado.