Josias, filho de Amom e Jedida (Amada), neto de Manassés e bisneto de Ezequias, começou a reinar com 8 anos [1], debaixo de uma regência. Esteve no poder por 31 anos. Logo, viveu 39 anos. Morreu cedo, pelas mãos de Faraó Neco, quando o Egito lutava pela supremacia contra Babilônia [23.29]. Os fatos que confirmaram seu sucesso na administração do reino de Judá aconteceram 18 anos após ter sido coroado rei [3]. Tinha então 26 anos. Não era suficiente ter chegado a “cadeira”, ser o chairman. Algo mais era necessário.
O que não foi bastante?
Josias começou cedo, com oito anos. Com dezoito anos de mandato [3], deduz-se que cresceu como gente, tornando-se homem com muita maturidade. Maturidade é a capacidade de dar fruto, reproduzir-se. Literalmente é ter nas mãos por uma transferência o poder, a autoridade. É ser confiável. Estar no trono poderia sugerir confiabilidade, mas não foi suficiente!
Josias não tinha um histórico familiar próximo muito bom. O mau pai [21.19-24], idólatra, afastado de Deus, foi assassinado no segundo ano de seu reinado. O abominável avô [21.1-16], Manassés, era idólatra, dado a astrologia, assassino do seu filho e de muitas outras pessoas em Jerusalém, adivinho, agoureiro, feiticeiro e indutor de gente ao erro. Mas Josias tinha o bisavô Ezequias [18.1-20.21], bom rei; tinha Davi, o grande rei. Josias era de sangue real, “azul”… Mas nem o histórico familiar e nem a linhagem da família foi suficiente!
Josias era um “bom menino”. Era reto (honesto, correto, direito) que andou nos caminhos justos (fez sua jornada), sem se desviar (sem errar o alvo) [2]. Diz-se ia que Josias era um líder focado, homem de um só alvo, uma visão única, um administrador com um propósito claro. Mesmo assim, com todo esse censo tão claro de direção, isso não foi o suficiente!
Josias foi um líder preocupado com a sua religião e de seu povo [4-7]. Queria que o templo, chamado por ele de Casa do Senhor, fosse reparada. Afinal, o lugar de ajuntamento de líderes religiosos e do povo estava danificado, merecendo reparos estruturais e acabamento. Sua avidez por essa restauração do templo o fez liberal ao extremo: não seriam necessários relatórios da obra de carpinteiros, edificadores e pedreiros. Seu fervor religioso e seu desejo de ter o povo junto consigo no mesmo patamar não foi suficiente!
Então o que era, foi e é suficiente? Josias…
1. Rasgar (dilacerar, abrir ao meio, fender em partes, rachar em tiras) as vestes (aquilo que engana, que age para a desonestidade) [11]. Rasgar um Armani, Yves San Lawrence, Cristian Dior. Rasgar a cobertura do corpo leva a nudez!
Rasgar é afligir-se, angustiar-se, desesperar-se como Jefté, por um voto louco [Jz 11.30,34-35].
É humilhar-se como Davi pela morte horrível de Saul e Jônatas [2Sm 1.11-12].
É assumir o luto de um Elias que não morreu, mas que não voltará como Eliseu [1Rs 2.12]. Houve quem o fizesse por indignação como Caifaz ou para anunciar traição como Atalia.
Rasgar não é só desnudar, mas dilacerar o engano, a desonestidade. Aquilo que não é verdade. Que sobrevive da pompa, do reconhecimento humano. É abrir mão de valores terrenos, passageiros; é demonstração de fraqueza, de limitação; é colocar aquilo que envergonha diante da luz. Humilhar-se e chorar perante Deus [19], é deixar-se ser subjugado, rebaixado.
É rasgar o coração [Jl 2.12-13], converter com jejum (tirar algo), choro e pranto.
2. Pedir consulta para si e pelo povo [13]. Consultar é inquirir, procurar com todo cuidado, pesquisar com muito interesse, no caso, Deus. Buscar a Deus. E como se busca Deus?
3. Um coração enternecido [19], meigo, brando, não resistente, amolecido. É o coração que evita efetivar a ira, o moralismo, a postura defensiva, a mudança dos outros com base em si, a crítica, a frustração diante da cegueira alheia, a superioridade “espiritual”, a autojustificativa.