Jesus chegou anunciando a chegada do Reino de Deus. Isso deixa claro que ele já está entre nós. A pergunta que cabe é: Como o reino de Deus está entre nós?
Tal pergunta é respondida de pelo menos duas formas equivocadas. A primeira reposta é dada por um grupo que, por não ver, não tocar, dizem que o Reino não é real ou ainda não chegou. A segunda resposta é dada pelo grupo que fazem do Reino de Deus algo bem aparente e visível. A primeira resposta é por ignorância, mas a segunda é consciente e perigosa.
O próprio Jesus deixou claro algumas verdades sobre o reino de Deus. Uma delas é que o reino de Deus chegou com a sua vinda. Ele disse: “É chegado o reino de Deus”. A outra verdade é que o reino de Deus não vem com visível aparência (Lc. 17: 20). Esta segunda verdade é ratificada pelo próprio Jesus ao comparar o reino de Deus a um homem que lança uma semente sobre a terra e não sabe como ela cresce (Mc. 4: 26-29). Tal ensino implica em afirmar o crescimento do reino mesmo sem ser percebido. Nisto há uma grande sabedoria.
Muitos por não se conformarem com essa visão bíblica de um reino sem aparência tentam dar cada vez mais visibilidade a aquilo que chamam reino de Deus. Talvez, quem sabe, na tentativa de ajudar a Deus ter mais crédito na terra, constroem catedrais, erguem seus ministérios, implantam instituições. Criam visões próprias e chamam tudo isso de reino de Deus, mas que não passa de “reino de um deus”. Tais homens querem cada vez mais fazer o seu “reino de um deus” crescer e ser notado. Imaginam que catedrais, instituições, posses, constituem o reino de Deus.
Não há um lugar onde o reino de Deus está especificamente. Ele não está nas grandes catedrais católicas ou evangélicas. Ele não está nas instituições e ministérios erguidos. Ele não está nos programas dos tele-pastores ou tele-padres. O reino de Deus não é lugar santo, mas está em um santo em qualquer lugar. O reino de Deus está no coração de cada ser humano que um dia experimentou o novo nascimento.
O Reino de Deus não tem a ver com as nossas crenças pessoais, se faço ou não faço, se uso ou não uso, se como tal comida ou não como. O reino de Deus não tem a ver com nossas visões ministeriais ou mesmo com nossas chamadas “igrejas” e “ministérios”. O reino de Deus não depende do modelo eclesiástico usado, ele não, ele não está atrelado a uma “visão” ministerial. Paulo afirmou categoricamente: “Pois o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”.
Aqueles que tentam a visibilidade do “reino de deus” são aqueles que Paulo afirma serem mercadores da palavra de Deus visando lucros pessoais para edificarem seus próprios reinos (IICo. 2: 17). Esses líderes da “pós-modernidade evangélica” reeditam o sacerdócio judaico fazendo seus títulos, cargos e funções serem familiares, ou seja, transmitidos de pais para filhos. Também ampliam suas tendas e firmam bem as estacas dos seus bens expandindo o “reino de um deus”.
Deus, no entanto não está nesse negocio. Ele prometeu está em um coração contrito e quebrantado. Ele se agrada daqueles que mesmo não vendo nada ainda assim crêem. Ele deseja que a sua justiça seja conhecida dos homens, que saibam todos que não há mais a ira, pois houve a reconciliação através do seu filho Jesus. Ele quer também que todos saibam que está à disposição uma fonte eterna de alegria que provem, não da ausência de problemas, mas simplesmente da presença do Espírito Santo em cada um.
O reino de Deus é o reino dos paradoxos. Quem morre é quem vive. Quem perde é quem ganha. Quem dá é quem recebe. Quem é o ultimo será o primeiro e quem serve é o maior entre todos. Onde há um maior servido por todos, não há o reino de Deus, mas sim o “reino de um deus”.
O reino de Deus é de todos e para todos os que nasceram da água e do Espírito. Não há grandes ou pequenos, todos são igualmente ungidos e sacerdotes reais, povo de propriedade exclusive de Deus e chamados para anunciarem as Suas virtudes.
O reino de Deus não é visível fisicamente, mas é visto na vida de cada um daqueles que com suas vidas buscam em tudo a gloria do Pai. Tudo que promove a gloria de homens e a não a de Deus é apenas o “reino de um deus”.
Que Ele cresça e nós diminuamos e assim o reino de Deus, ironicamente, será cada vez mais visível.
É desse jeito!
Tomaz de Aquino.