“Ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la? E quando encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida’. Eu lhes digo que, da mesma forma, há alegria dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”. Lucas 15.8-10
A parábola: o capítulo todo é uma seção de perdidos e achados. Do verso 3 ao 7 é uma ovelha (a centena); do 8 ao 10 a décima moeda; do 11 ao 31 o filho caçula (a unidade); todos perdidos e achados. Fica encravada entre o preço do discipulado [14.25-35] e o administrador astuto [16.1-15].
Nas primeiras duas parábolas a iniciativa de encontrar o objeto perdido é sempre dos respectivos donos.
O capítulo todo é motivado pela crítica dos fariseus e mestres da lei [2]: Jesus estava recebendo (associando) e comendo (dando boas vindas) aos publicanos (cobradores de impostos para o Império Romano e que extorquiam seus patrícios) e pecadores (gente imoral ou os que não respeitavam a lei). Jesus demonstrou misericórdia, para aqueles que tinham ouvidos para ouvir.
Jesus coloca a alegria como prioridade na terra e no céu! Motivo: o que estava perdido foi achado! O pecador (dedicado ao pecado, mal, idólatra, que perdeu o rumo) arrependeu-se [10], no dizer de Ed René, teve sua consciência expandida.
As dracmas: Moedas gregas, de 4 grs. de prata cada, que valiam uma diária de trabalho braçal. A raiz da palavra tem a ideia de olhar e segurar com as mãos, ou a ideia de um dragão.
As economias da moça (40 grs.) são de dez dias de trabalho. Por vinte (228 grs.), 82% mais, José foi vendido como escravo e por trinta (120 grs.) Jesus foi um negócio entre Judas Iscariotes e os líderes religiosos.
Candeias: Lamparinas feitas de barro cozido, na forma de bule de chá, tendo dois orifícios: um para colocar azeite (combustível) e um segundo para colocar um pavio para queimar.
O que significa perder uma moeda de prata para essa mulher, e hoje, para nós?
Perder tem conotação muito forte; é ficar destruído, arruinado, inutilizado, morto, sem direção e sem caminho. Para a mulher era perder seu trabalho, esforço econômico, projeto futuro…
Para nós é perder a intensidade e a integralidade da vida; da vida do outro, a fração menor, que não pode nem deve faltar! É perder a misericórdia (confissão de fé) para olhar a vida e os que têm vida hoje!
Atitudes ostensivas contra a falta de misericórdia:
Acender o fogo na candeia [8]. Fogo depura, purifica; é trazer brilho, esplendor, alvejar; é inocentar; o fogo trás exaltação. Candeia acesa representa a figura do Espírito Santo [Ex 25.31; Zc 4.2-6]; a Palavra de Deus [Sl 119.105] ou a palavra dos profetas [2Pe 1.19]; o espírito do homem [Pv 20.27]; os olhos para o corpo [Lc 11.34], que precisam estar abertos [Ef 1.18]; candeia acesa é uma igreja acesa [Ap 1.20].
Varrer a casa [8]. Varrer é separar, arrastar, levar a força; agir como um juiz que penaliza, puni e aprisiona. Levar a “casa” a sofrer uma profunda limpeza. É separar metodicamente o que é e o que não é puro. A “casa” é nosso núcleo social, nosso grupo natural. É santificar-se pelo núcleo ou grupo.
Procurar atentamente até encontrar [8]. Descobrir, meditar, investigar, ficar em cima, procurar com diligencia e cuidado, sem pausa. Procurar sem desistir, sem se poupar da surpresa (eureca!). É insistir para viver o inesperado!
Celebrar com outros [9]. Convocar para uma festa; sem perder o motivo. Conservar o motivo pela festa, com amigos (filos) e vizinhos (geiton=o diferente, mas receptivo, estável). É dar motivos aos anjos para festejarem nos céus! É colocar os céus em festejo!
Quando iniciar o processo?
Já? Agora? Depois do culto? Ao chegar em casa? Depois do Fantástico? Segunda-feira? Semana que vêm? Mês que vêm? Próximo semestre? Quando exatamente?